Chama-se a isto falta de respeito. Para o próximo dia 16 de Setembro, a Câmara Municipal de S. Pedro decidiu convidar a senhora dona Floribella para animar a reentré escolar da canalha Sampedrense. A mesma Floribella que, recorde-se, ainda com o nome de Luciana Abreu, concorreu, já lá vai um par de anos, ao programa Ídolos, ganho justamente pelo nosso conterrâneo Lucas. Hoje aquela pindérica entra em casa de todos nós de manha à noite com repetição ao fim de semana. E o nosso Lucas? Ainda me lembro do Tó a dar-lhe uma medalha. Verdade seja dita, nunca mais o vi em cantorias.
Mas nem é a memória curta dos nossos vereadores (coisa expectável) que torna a contratação da moçoila uma coisa sem sentido. A Flor (só para os amigos) é super-hiper- mega fofa. Tal como o Paulo Chaves, bebe sumol, come rissóis de vegetais e trata da sua higiene pessoal. Sejamos sérios. Numa terra onde os grandes momentos de celebração se realizam com tintol e um porco chamuscado a actuação de uma menina cheirosa, meiga e delicada não faz sentido algum.
Ora é mesmo para ajudar o Vereador Castro a redireccionar a sua política cultural, e para que esta vá de encontro ao seu target, que arrisco aqui propor um outro nome do meio artístico e musical que faria as delícias de todos os locais. Leonel Nunes. Esse mesmo.
Dirão já alguns de vocês que Leonel Nunes é apenas mais uma criatura vulgar da cena pimpa. Erro crasso, meus senhores. Leonel Nunes representa para a música popular alternativa o mesmo que os RadioHead representaram para a Pop Britânica. Uma lufada de ar fresco. Uma refundação do género.
Oiça-se, a título de exemplo, o tema que agora passa no Vilória. Atente-se no início fulgurante com sintetizador ritmado (parece-nos New order), na influência estilística de Cesário verde (“ mil comboios de beijos, mil folhas de alface”) ou nas guitarras com sonoridades Ska. Aqui há inovação, caros melómanos. Inovação que, contudo, não descura a velha tradição do pimpa Tuga. Leonel não deixou de beber os ensinamentos de seus mestres (vide Diapasão ou Marante) e a nostalgia do emigrante (“teus olhos vermelho ficaram/ na a foto em Paris quando por lá andaram”) ou o elogio da mulher portuguesa continuam presentes como fio condutor de toda a sua obra. Os leitores do Blitz que me desculpem, mas, como já alguém disse, “ Santo de pau feito”, álbum fetiche de L.N., é o OK Computer da música portuguesa.
Mas não são exclusivamente motivações de índole artística que me levam a achar Leonel indispensável em futuros espectáculos organizados por esta vereação. Leonel Nunes é conhecido, para lá da sua música, por emborcar 2 garrafões de vinho durante as suas actuações. Bastava só contratualizar a deglutição de uma bifana em palco e teríamos uma simbiose perfeita com a política cultural da nossa Câmara. Um outro ponto a favor do artista são as incríveis semelhanças físicas que possui com Vitinho Barros. Com deserção para as Lezírias seria uma boa maneira de nos recordarmos dessa bela personagem que nos assaltou por uns meses.

Por fim, Leonel Nunes tem ainda esta bela faixa intitulada “ Mil folhas de alface”, o que é sempre uma boa músiqueta para dedicar ao Presidente da Junta de Carvalhais.