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VILÓRIA IRRISÓRIA
sexta-feira, abril 21, 2006
 

Tenho tentado. Eu bem faço um esforço para acreditar que S. Pedro do Sul não é um covil de grunhos e sociais-democratas (que bela redundância). Quero acreditar que isto é terra de pessoas asseadas, disponíveis para ajudar o próximo e interessadas no bem comum. Mas tenho momentos em que vacilo. Oh, se vacilo. E não, não são as visitas esporádicas ao café Tropical ou uma ida ao Estádio da Pedreira que me fazem entrar em completa descrença. Não. Falo de coisas bem mais sérias. Refiro-me às eólicas, novamente trazidas à liça do debate Sampedrense. Numa sociedade moderna e democrática, questões como as das eólicas seriam tema central e relevante no debate político. Temas ligados ao bem-estar, ordenamento territorial ou qualidade ambiental fazem parte de qualquer país civilizado. Mas como estamos em Portugal, concelho de S. Pedro do sul, coisas destas passam-se como se de uma licença para organizar um bailarico se tratasse e são as pontes, hipermercados ou uma companhia de teatro caduca que constituem o plot da discussão política.
Já na última campanha eleitoral, o problema foi tratado nestes termos. Questionado sobre a possibilidade de novo parque Eólico, o concorrente Tó Carlos, jurista de S. Pedro do Sul, disse “ passo” e o Vitinho Barros, engenheiro competente, até prometeu umas novas ventoinhas para os gentios de Carvalhais. Quanto a custos económicos, ordenamento territorial, danos ambientais…not a word.
Mas antes de prosseguir a discussão sobre esses gigantones que se preparam para invadir a nossa serra, convém fazer um pequeno ponto prévio, para que não me acusem de ecologista militante ou adepto do panteísmo. Não tenho nada contra o uso, manipulação ou destruição da natureza. De certa forma, creio que foi assim que o homem se tornou Homem. Acredito que o progresso de uma civilização e a procura de maior bem-estar se faz, inevitavelmente, manipulando, usando e destruindo a natureza. Relativamente às eólicas, não é, portanto, um problema puramente ecológico ou ambiental que me leva a acha-las um disparate irremediável. Aliás, desconheço por completo se um novo parque eólico trará problemas ecológicos sérios. Não sei se as ventoinhas vão matar os pardais que as sobrevoam ou se vai deixar de nascer carqueja na área circundante. Deixo isso para os gajos da Quercus que andam para aí a ver se criam uma associação. O meu prisma de análise é outro. O que se trata aqui é da escolha de um modelo de desenvolvimento. Pessoalmente, acho que S. Pedro do Sul deve seguir um projecto de desenvolvimento sustentado, apoiado no turismo termal e serrano, onde o ordenamento territorial, o ambiente, a protecção do património e zonas rurais são pontos fulcrais para tornarmos isto num lugar mais aprazível e agradável de viver. Aliado a um núcleo urbano como Viseu, penso que seria o rumo político mais acertado. Como me parece óbvio, a implementação de um Parque eólico pelo horizonte serrano, chocaria, inevitavelmente, com um modelo destes. Porque já nem falo num plano mais abrangente, onde a necessidade das eólicas é mais que discutível, numa altura em que a questão nuclear está na agenda política Portuguesa. Seriam coisas a mais para as cabecinhas do nosso executivo.
E o mais triste de tudo isto é que, grosso modo, quando questionados sobre os desígnios da pátria Sampedrense, o discurso que Tó Carlos e vereadores anexos proferem é, mais ao menos, este. Basta só recordar a famosa tirada da “casca de melão” e o desejo de ver um turismo de qualidade na serrania Sampedrense.
Mas como noticia o JN, “a Câmara de S. Pedro do Sul quer hipotecar 15 anos de rendas (cerca de 4,5 milhões de euros) que receberá de empresas com parques eólicos instalados no concelho”. A receita, continua o jornal, “servirá de garantia a um financiamento bancário destinado a obras nos balneários das termas”. Veja-se, não existe aqui sequer uma opção por um modelo que eu consideraria errado. Nada disso. Trata-se apenas de dar à Câmara desafogo financeiro. A implementação das eólicas serve apenas para encobrir incompetência e pagar o telemóvel do Vieira. Tão só. Enfim, é o que dá não ter vida própria. Gerem a Câmara como um negócio. Novos parques surgirão.
E isto é o que me enerva mais. Não se trata de uma opção voluntária mas sim de uma mezinha para os aguentar mais uns anos no poleiro. É claro que também fico fulo quando o executivo, que se prepara para licenciar novo parque, tem o Presidente da Região de Turismo do Dão- Lafões como vereador responsável pelos pelouros do Turismo e Desenvolvimento Rural. Irrita-me também ter uma oposição que contesta a medida por razões meramente financeiras. Chateia-me ainda saber que os presidentes da Junta, que poderiam travar este processo, são marionetas que apenas servem para cobrar as tarifas da água. A única coisa que ainda vai dando piada a esta merda toda, é ouvir o Duque falar em “manobra ilegal que vai sair cara ao município" e saber que daqui a 30 anos esta corja de Tós, Adrianos, Matos e Sousas vai ser lembrada como a aquela que hipotecou S. Pedro do Sul. Fraco consolo, convenhamos.
 
"Muitas realidades fazem parte das nossas necessidades básicas" António Carlos Fiqueiredo. Um blog de S. Pedro do Sul. Comentários, críticas, acareações e donativos para viloriai@hotmail.com
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