É inevitável. Sempre que se discute a preponderância da Freguesia de Carvalhais sobre todas as outras (coisa que me parece óbvia) a conversa tem sempre o mesmo final. À falta de melhor argumento por parte dos Anti-Carvy, a vitória moral da canalha resume-se a simplificar a realidade numa só ideia, recorrendo à última grande invenção nacional, a cabala. A conversa é esta: Carvalhais tem uma força popular manietada por meia dúzia de notáveis que, em aliança com a Santa igreja, controlam o poder político, económico e que têm como objectivo final elevar a freguesia a concelho, subjugar todas as outras e queimar os socialistas. É a Justiça de Carvalhais, como, raivosamente, lhe chamam. Eles espumam e eu vou rindo e sorrindo só de ouvir. A inveja leva a isto. Como alguém dizia, o ser humano não consegue suportar tanta realidade. A fantasia torna-se, portanto, num escape. E eu até percebo que, tratando-se da freguesia com mais advogados, ex-presidentes e vereadores por km2, se possa dar asso a tais delírios. Seja por que razão for, a verdade é que se passou a ter como certo a existência e poder dessa tal Justiça de Carvalhais. O problema é que tanto delírio também tirou lucidez e o rigor histórico à coisa. E não pensem vós que venho para aqui tentar destruir a tese. Os sonhadores que continuem a sonharem. Sinceramente, creio que ninguém de Carvalhais se importa muito com isso. É como a Pochette. Um bocado parolo, mas que funciona como símbolo e factor de coesão. A única coisa que chateia é o tom arruaceiro e labrego que tentam impingir à teoria, tomando a totalidade da malta Carvalhense como labregos laranjas e polvos telecomandados. A questão é que aquilo a que chamam Justiça de Carvalhais, foi adulterada ao longo dos tempos. Façamos a História, pois então.
Verdadeiramente, o que é a Justiça de Carvalhais? Para
S. Robin, a Justiça de Carvalhais é uma força totalitária de tons alaranjados e que é exercida através de decretos Imperiais.
Wrong answer, lamento dizer. Apenas num dado o nosso Robin tem razão. Isso a que ele chama de Justiça de Carvalhais tem, de facto, origem num tal de Adriano. O pormenor está só no título que lhe confere. O Adriano causador do mito não é Imperador. É Rei. Dos Frangos, mais concretamente. Um Rei que, há muito tempo, vendia pitos (salvo seja) e ganhava muito graveto. Pilim. Money, Money. A questão é que, na altura, vender pito, apesar de dar muito dinheiro, não dava muito estatuto. Uma lacuna que tinha de ser suprida. E como? Recorrendo a um clássico: financiar o clube de futebol da terrinha. A ascensão foi rápida. Tornou-se numa espécie de Boloto mas com mais graveto. A partir daí foi a festa. Um clube de aldeola na 3ª Divisão nacional, com uma direcção a comprar árbitros no intervalo e acolitada por uns grunhos que davam porrada bravia quando as coisas corriam menos bem. Estava assim criado o conceito de Justiça de Carvalhais. Criado, nada mais, nada menos, por um militante PS e principal financiador do PS local. O resto foi o que se sabe. A seita passou a existir à volta de um estádio de futebol e o PS - Carvalhais formou-se nessa grande escola que foram os balneários do Carvalhais FC. O resultado é o que se conhece.
Hoje, o Robin refere-se à Justiça de Carvalhais falando dos tons alaranjados e dos cartazes do PS destruídos. Pois Sim. É como diz o Palma, deixa-me rir.