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VILÓRIA IRRISÓRIA
quarta-feira, julho 07, 2004
 
S. Pedro do Sul ganhou um novo busto que embeleza, agora, uma das suas artérias mais movimentadas. Perdão. Digo melhor: S. Pedro do Sul RECUPEROU um busto que de há uns anos para cá estava destinado a ganhar pó num Salão obscuro da Câmara Municipal. O nome da pessoa imortalizada? António Correia D’Oliveira. É certo e sabido que o poeta nunca teve grande relação com S. Pedro do Sul. Nascido nesta Sintra manhosa, imigrou muito cedo para Lisboa onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado acabando por vir a falecer em Esposende. Mas, numa terra onde entramos em êxtase quando um brasileiro vindo de Mato Grosso vem estudar a obra teatral de um conterrâneo nosso ou quando esse mesmo conterrâneo vai ao Fatima Lopes e às Noites Marcianas, sentado-se no meio de maricas, dissertar sobre a IP5, não deixo de estranhar que tenhamos relegado um poeta nacionalmente reconhecido para o esquecimento. Perplexo, decido saber um pouco mais acerca da obra do autor. E que descubro? Descubro que o homem era conpincha do Teixeira de Pascoaes, escrevia para a Águia e Seara Nova e que foi voz activa do Movimento Saudosista. O Sr. António D’Oliveira era também um homem cordato, católico, nacionalista e teve sempre uma relação pacífica com o regime.
E Pronto. Chegou-me de pesquisa. Dissipo logo as minhas dúvidas e encontro a explicação para o ostracismo do poeta. O Presidente que então decidiu decapitar o poeta ,ao seu melhor estilo Bonapartista e ainda entranhado do melhor espirito revolucionário(ao que parece foi capitão de abril), , não podia conceber que nesta comuna sampedrense, a sua Plazza Maior tivesse o busto de um poeta nacionalista que nunca arranjou problemas com o Estado Novo. Na sua óptica, não passaria de mais um cabrão de um fascista. Ainda para mais tinha Oliveira no nome. Não enganava ninguém Marretas em riste e toca lá a tirar o facho do altar. Em lugar do rosto de bronze, depois de uma tílias cortadas, erigiu uma fonte. Luminosa. Como ele.
É certo que militar e intelectual é coisa que não combina e esse tal Presidente não teria em mente um dos jargões essenciais para admirar arte( não confundir a obra com o criador) mas, mesmo arrumando a inteligência para o lado, o bom senso chegaria para perceber e aceitar a História. Em vez de construir Etar’s a funcionar e alcatroar estradas serranas (evitando assim acidentes que fizeram depois correr muita tinta) o Presidente decidiu apagar memórias. Deu-se mal. Hoje, a Câmara municipal recuperou o busto e dá ao poeta a dignidade que a História lhe conferiu e -suprema das ironias- aproveitou ainda a ocasião para despedaçar umas das obras mais idiotas do presidente revisionista. Como um Shampô: 2 em 1.Verdade seja dita:foi trabalho bem feito.




Para nos precavermos de outras possíveis iluminárias que passem por S. Pedro, fica aqui uma pequena biografia de António Correia de Oliveira:

António Correia de Oliveira (1879-1960) nasceu em São Pedro do Sul e faleceu em Esposende. Estudou no seminário de Viseu, indo depois para Lisboa onde trabalhou como jornalista no Diário Ilustrado. Tendo casado com uma rica proprietária minhota, fixa-se na aldeia de Belinho, conselho de Esposende. Foi um dos cantores do Saudosismo, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros. Colaborou na revista A Águia, Atlântida, Ave Azul e Seara Nova. Obras poéticas: Ladainha (1897), Eiradas (1899), Cantigas (1902), Raiz (1903), Ara (1904), Tentações de S. Frei Gil (1907), Elogio dos Sentidos (1908), Alma Religiosa (1910), Dizeres do Povo (1911), Romarias (1912), A Criação. I. Vida e História da Árvore (1913), A Minha Terra (1915-1917), Na Hora Incerta (Viriato Lusitano) (1920), Verbo Ser e Verbo Amar (1926), Mare Nostrum (1939), História Pequenina de Portugal Gigante (1940), Aljubarrota ao Luar (1944), Saudade Nossa (1944), Redondilhas (1948), Azinheira em Flor (1954).
 
"Muitas realidades fazem parte das nossas necessidades básicas" António Carlos Fiqueiredo. Um blog de S. Pedro do Sul. Comentários, críticas, acareações e donativos para viloriai@hotmail.com
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