Vai ser já na Segunda. A Vila enfeita-se e corta estradas para realizar as suas santas festividades. Com o Euro em terras lusitas, o fim dos exames à porta e com os emigrantes a chegarem às remessas, nada melhor que uma semana de pandega para juntar a plebe: o tuga e o emigra, o aldeão e o urbano passando pelo estranja e o parolo. E não pensem que esteja a ser cínico. Até aqui tudo bem. A vivência comunitária é coisa saudável e se esta vida moderna não nos deixa tempo para conviver com os outros, nada melhor que reservar uma semana do ano para tirar a barriga de misérias. O problema está pois no conteúdo da ideia: o cartaz . E o que é que a nossa camarazinha, genericamente, nos oferece? Um festival ininterrupto de música pimpa. Nem mais. Bem podemos ter uns projectos de dinamização de cultural e não sei mais o quê para entreter uns quantos e publicar uns boletins, mas quando chega a hora da verdade não falha: Pimpa para toda a gente. Musica Pimpa, que é- será preciso dize-lo?- o maior flagelo estético parido pela cultura popular. Num meio onde o
pimpa culture prolifera em qualquer bailarico de esquina, a câmara nada mais faz do que tolerar o fenómeno em vez do combater com todos os meios. Tal qual como com os fogos. E tem de ser este o mote. Nos dias de hoje torna-se mesmo essencial. È que , apesar de tudo, antigamente, a cultura pimpa era mais boçal e descomplexada e por isso menos perigosa. Esse
primitive pimpa juntava o rico e o pobre, o culto e o inculto, o feio e o belo. Ouvia-se, bebia-se e no fim ia-se para casa. Era essa a sua razão de ser. Nada mais do que isso. Hoje não. A pimpalhada tem pretensões de artista e acredita que faz música. Tem markting e clube de fãs. As consequências? Já só os verdadeiros Pimbas lhes ligam e seguem o que faz com que a ideia de convívio, inerentes a este tipo de festas, vá por agua abaixo. Depois, é só juntar as Zundapp 3, as t-shirts de alças dos Bom Jovi e a super bock mini e vermos a boa merda que andamos a ajudar a criar.