“Primeiro estranha-se, depois entranha-se”
93 FM. Que seria de nós sem a já velhinha Rádio Lafões? Provavelmente pessoas com melhor gosto musical, com uma pronuncia x
ampedrainxe menos acentuada e com um espaço a mais na memória dos nossos auto-rádios. Não obstante todos seus malefícios, a Lafões FM é das mais imponentes instituições locais. Sem nos apercebermos a Lafões FM entra-nos pelos carros e casas adentro tal qual uma droga: devagar e apesar de muito má rapidamente se torna um vicio. Que atire a primeira pedra aquele que nunca ouviu uma tarde de “discos pedidos” ou um “Domingo dos Mosqueteiros”. Ou a “tarde desportiva”. Ou o “ataque sonoro”. Ou...
Na verdade, a Rádio Lafões é uma espécie de jornal EXPRESSO:È uma grandessísima merda mas toda a gente o lê(ouve neste caso). Mas toda esta veneração à emissora local tem uma explicação. De facto, a Rádio Lafões é uma democracia sonora. Se podemos estar confortávelmente no nosso carro a ouvir o “ataque sonoro” nada nos impede de ouvir de seguida uns ranchos com informação desportiva local nos interlúdios. Se de manhã há “discos pedidos”, há tarde há debate entre os candidatos à Câmara.
A esta dessacralização da sua programação, a Lafões acrescenta-lhe relíquias como o jingle “93FM.Não mude, esta é a frequência certa”, locutores que falam axim(todos) ou anúncios publicitários que vendem materiais de construção ao som de David Bowie que funcionam como código genético de uma rádio onde todos fazemos parte. Todos, menos eu. AM