Vá, tudo a dar as mãos e toca lá a dançar ao som da Dina.

Tal como eu, devem ter lido, pelos jornais locais que por aí proliferam, uma série de artigos escritos pelo punho do engenheiro Vítor Barros anunciando uma nova política para as zonas rurais do concelho. Falava-nos o engenheiro da aposta no pequeno turismo rural, na agricultura de qualidade e no aproveitamento da floresta como fonte de riqueza. E eu, filosoficamente urbano mas rendido à paz rural, concordava com a receita. “Tudo bem, tudo porreiro”, como dizem os
fedorentos.
O grande problema, contudo, é que as eleições existem. E ao tomar consciência da derrota nas próximas eleições, o PS viu-se obrigado a mudar de estratégia, tratando de expurgar essas belas ideias de desenvolvimento sustentado e respeito ambiental por outras mais “betonáveis”, na crença que o escrutínio não lhe seja tão desfavorável.
Exemplos? Vários. Vejam o que diz a propaganda das listas do PS à Assembleia de Freguesia de Carvalhais:
-Somos a favor do Parque eólico na serra da Arada.
- Construção de uma nova estrada do centro de Carvalhais até Sá.
Por outras palavras:
- Somos a favor de foder o potencial turístico que a serra da Arada tem.
- Queremos descaracterizar por completo os povoamentos rasgando novas estradas, de preferência com duas faixas, tal como exigimos para a nova Ponte.
No meio deste delírio completo, já só me apetece perguntar: para quando a promessa de um centro comercial?

Com o último post sobre o debate, talvez muitos tenham ficado com a ideia que sou um anti-comunista primário. O que até é verdade. Mas isso, só por si, não implica que não goste de conviver com a espécie. Foi, por isso, com todo o gosto que, sábado à noite, me desloquei à Caixa de Crédito Agrícola para ouvir as doutas palavras do Dr. Carlos Carvalhas sobre a actual situação económica. Mas com o FCP a jogar à mesma hora e com um jantar de anos marcado, só consegui chegar a horas de ouvir as perguntas e intervenções finais do público. Com todo este atraso, acabei por perder uma bela oportunidade para aprofundar os meus conhecimentos sobre contenção das despesas públicas ou redimensionamento do poder autárquico. Mesmo assim, não foi uma ida em vão.
A primeira impressão que me ficou foi a completa ausência de militantes do PC. Nem Boloto nem Gralheiro para ninguém. É certo que aquela malta tem aversão ao sistema bancário facho-capitalista, mas creio que o dever de lealdade orgânica deveria estar acima de toda essa canga ideológica. Adiante. Ainda que a ausência do Sr. Silva fosse notada, aqueles minutinhos finais com as intervenções dos intelectuais cá do burgo valeram mesmo bem a pena.
E falemos das intervenções propriamente ditas. Um mimo, é mínimo que se pode dizer. A primeira, a do engenheiro João Básico Oliveira, já deu para esboçar um sorriso, quando falou do trabalho escravo no regime Comunista. Mas o melhor ainda estava para vir. E acabou mesmo por vir. Pelas palavras do nosso President.
Passadas as reverências iniciais (a lengalenga do “conterrâneo” e das “portas sempre abertas”), Tó Carlos decidiu armar-se em fino com o camarada Carlos. E como? Dizendo que o sistema comunista funcionava com trabalho escravo e elogiando o modelo de economia liberal, ao qual o Dr. Carlos Carvalhais se haveria de render um dia. E que argumento usou Toninho? O da recuperação Irlandesa(!). Mc Anthony Charles (do clã Fygerwood), ao que parecia, era um profundo conhecedor do modelo económico da Irlanda. Pelo menos não se inibiu de o discutir com um economista. A dúvida estava instalada. Teria o Dr. Sousa dado aulas intensivas de macro-economia ao nosso Presidente? Não sabíamos. Passámos a saber 5 minutos depois. O Dr. Carlos Carvalhas deu uma rabecada a Mc Anthony Charles (do clã Fygerwood). Falou-lhe da língua, da plataforma anglo-saxónica, dos imigrantes irlandeses, das disparidades sociais, dos índices de pobreza, ans so one, and so one. No final, aconselhou-o ainda a a ir consultar o eurostat para saber mais dados sobre a Irlanda. É o que dá competir em escalões diferentes. A UDS tinha tentado jogar de igual para igual com o SLB, mas acabou goleada.
Já eu, estive calado que nem um rato a conferência toda. Nem uma perguntinha arrisquei. Fiz um figurão.

Talvez a coisa tenha passado despercebida, mas no debate da Rádio Vouzela assistiu-se, por momentos, a uma verborreia política típica da extrema-esquerda mais arrogante. Falava-se da poluição do rio Vouga(que o engenheiro Vítor Barros garante passar em Rio de Mel) quando, com o maior sentido de oportunidade, o Sr Eduardo Boloto decidiu proferir umas breves palavras sobre o espirito do 25 de Abril, não fossem os espiritos mais incautos esquecerem-se da data.
Boring. Palha marxista Vintage, pensei cá para mim. Ingenuidade a minha. Só a meio do falatório é que me apercebi que aquilo não se resumia a debitar meia dúzia de lugares comuns para fixar o voto de uma centena de campónios. Não. O Sr. Eduardo Boloto, de forma insinuante, tentava dizer, mais coisa menos coisa, que o CDS/PP e eu éramos fascistas. E para ajudar o propósito, disse que eu tinha “vida boa”. Ao contrário da dele que, suponho, é má, visto que afirmou até ter contas no banco para pagar (ca ganda caloteiro). Deixemos o fascismo para o fim e falemos antes da minha “boa vida”.
Primeiro vejamos a coisa do ponto de vista intelectual. Para o candidato da CDU quem tem “vida boa” tem uma legitimidade reduzida para existir politicamente e resolver os problemas dos pobretanas e outras chatices do género. Será preciso ter um passado proletário e uma 4ª classe mal tirada para pudermos intervir plenamente. Claro. Óbvio. O Dr. Paulo Portas também não pode falar do aborto. Mas aceitando a desonestidade do argumento, apetece-me ainda perguntar ao camarada Boloto o que é que ele sabe da minha “boa vida”. Como não tenho rendimentos próprios, a hipótese do Sr. Eduardo Boloto, graças a sua profissão, saber a minha declaração de rendimentos fica posta de lado. Por isso tenho de lhe perguntar : sabe o Sr. Eduardo Boloto quanto é que os meus pais me dão de mesada? E sabe há quanto tempo não levo um estalo? E sabe se me chateei com a namorada? Ou se o meu clube anda a ganhar? Sabe se tenho acertado no totoloto? Sabe? Não, não sabe. Logo não sabe se a minha vida é boa ou miserável.
Finda a minha bela vida, ficamos com o rebéubeu do fascismo. Que se desmonta com duas perguntinhas. Quem é que, de forma democrática, ganhou as primeiras eleições autárquicas em S. Pedro do Sul? Eu digo: o CDS. Agora responda o Sr. Eduardo Boloto: Quem é que, em 75, tomou pela força a Câmara Municipal e saiu corrido à calhuada só parando em Viseu?
Sim, eu sei que isto são só pormenores. As vezes, até tenho a tentação de não desmontar estas trafulhices intelectuais e entrar no jogo. Dizer, por exemplo, que O Sr. Eduardo boloto é presidente da UDS e do Corpo de Salvação Pública. Isto é, que preside a uma agremiação que organiza eventos para as massas e a uma Corporação. Massas?! Corporações?! Onde é que eu já ouvi isto? O Sr. Eduardo Boloto é fascista!
Isto da política local é um fartote. Antes do debate na rádio, andava tudo a chinar-me a cabeça porque, dizia-se, o CDS/PP andava a fazer o jeito ao PS. Tudo sob controlo. Horas depois da tertúlia, recebo sms a dizer que tinha acabado de faz um favor ao Tó Carlos. Enfim, tremo só de pensar no que ainda se poderá dizer. O que se segue? Irá alguém descobrir o acordo secreto que tenho com a CDU?