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VILÓRIA IRRISÓRIA
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
 
Depois das invasões bárbaras, as multidões só tem servido para embrutecer as pessoas. Se, isoladas, as pessoas são, normalmente, comedidas e civilizadas, basta entrarem num ajuntamento qualquer para imediatamente as ouvirmos grunhir e barafustar. Se até Domingo isto seria apenas uma tese, depois do novíssimo carnaval de Bordonhos tornou-se num verdadeiro dogma. Já não nos bastando Negrelos, a ralé de Bordonhos decidiu também chular câmara, agremiações e afins para enfeitar os seus tractores. O desfile deu-se eram umas 2 da tarde. 4 Cº, tempo enevoado e quase a gotejar. “Tudo a desfilar pró boneco”, dirá o ingénuo leitor. Nada disso. Eram famílias inteiras. Filho de balão na mão, miúda com o chupa na boca, pai de mãos nos bolsos, mãe com o saco da renda e avó com lenço na cabeça. Tudo a vibrar e a grunhir ao passar dos carros da lavoura. “Mas, e aqueles que, inocentemente, se deslocavam de carvalhais para S. Pedro?”, perguntará o solidário leitor. Azarito, que esperassem. O momento era de êxtase e tinha tido o patrocínio oficial. Os 7 minutos que a minha viagem normalmente demoraria, esticaram-se para uns sofridos 15. Oito minutos da minha vida perdidos, tudo por causa daquela orgia carnavalesca onde todos vomitavam alegria datada e empacotada.
A solução para acabar com estes incómodos não é fácil, mas mesmo assim arrisco avançar com uma solução. Já que o fenómeno das multidões veio para ficar, poderíamos incentivá-las a ter uma atitude mais gang e competitiva. Em vez de se resumirem aos rituais estupidificantes de parada popular, a Seita de Negrelos e o recém criado Gang de Bordonhos deveriam entrar em concorrência cerrada, para ver qual o desfile que tinha mais tractores. Ao fim da tarde, com o sol no horizonte, as facções encontrar-se iam nos Paços do concelho, digladiando-se numa carnavalesca Batalha. Assim, tal como no “Gangs of New York”, os ” Moto-Ratos de Bordonhos”(o seu símbolo seria um carburador espetado num forcado) encontravam-se com os “Cabeçudos de Negrelos”(o símbolo, um Gigantone Punk) e, no respeito por todas as regras de combate, entregavam-se de corpo e alma num combate final. No fim, eu passava por lá e recolhia os corpos. Assim, para além desta limpeza mental, poderíamos ainda dizer que (coisa para turista ouvir) “ S. Pedro do Sul was born in the streets”.


PS: Na verdade, terça-feira estive a ver o desfile de Carnaval de Negrelos. Mas garanto-vos que a culpa não foi minha. A SIC é que me quis tramar e decidiu não transmitir o REX.
 
 
O encerramento da velhinha Pekados fez com que nos últimos tempos, todos os fins de semana , os fluxos migratórias para Viseu tivessem aumentos consideráveis. Por isso, ontem à noite, S. Pedro do Sul estava bem representado na Day After. Éramos às centenas (talvez milhares), a picar cartão em todas as dancetarias e bares da maior disco do País. Daí até ao domínio total da boîte foi só um pequeno passo. Tínhamos snipers em todas as colunas, agentes infiltrados nos diversos gangs e até a playlist do DJ era feita por nós. No pico da noite, sem nada que indiciasse, uns gigantes meteram-se com um novato xampedrense para acertar contas passadas. OK, os serviços de informações tinham falhado e não previram o ataque, mas nada de grave. A malta pegou nas mocas, no gás e nas ponta-e-mola e de uma rajada exterminou os insurgentes. Feito o serviço, foi-se à casa de banho. Limpou-se o sangue, ajeitou-se o penteado e, num momento de telepatia entre todos, pensou-se” Que bonito ver S. Pedro unido em torno de um ideal”.
 
segunda-feira, fevereiro 23, 2004
 
ULTIMA HORA: Uma fonte próxima da comissão organizadora do carnaval de Negrelos garantiu-me que a Câmara Municipal só enviou fundos para a realização do desfile com a condição de este não ostentar frases ou caricaturas que pudessem implicar o executivo camarário. O desfile é só amanhã, mas a confirmar-se tal , trata-se do regresso da democracia trauliteira a S. Pedro do Sul.
 
 
Já fora de horas, como tem vindo a ser costume, fica aqui anunciado o blog dos Unidos. Amanhã vou passar lá no bar da estação, na esperança que me paguem um copo pela publicidade gratuita.
 
quarta-feira, fevereiro 18, 2004
 
Sem que ninguém tenha uma explicação plausível para o porquê da sua existência, o carnaval Tuga tornou-se numa época festiva oficial. O Cavaco bem tentou abolir a coisa, mas a verdade é que por alturas de Fevereiro o povo organiza-se em paradas e vem para a rua fazer macacadas dando um toquezinho de foleiro à Pátria. Se todo aquele espectáculo de gajas em biquini( qual garotas do Rio), dançando em cima de um atrelado em pleno inverno é por si só decadente, o carnaval mostra-nos também o lado mais podre dos nossos poderes. Ciosas de acalmar as massas e de caçar uns votos, as Câmaras Municipais decidem também alinhar no esquema financiando o ridículo. São Pedro do Sul, sempre na senda do progresso, não quis perder o comboio e por isso acompanhou estes sinais do tempo. Por esta altura, já a populaça de Negrelos deve ter estorrado todos os tostões que a nossa Câmara lhe enviou, criando carros alegóricos terceiro-mundistas que mais parecem carripanas saídas de um filme do Kusturica. Pode parecer cruel, mas os famosos cabeçudos de Negrelos existem porque outros cabeçudos com funções públicas decidiram gastar dinheiro dos contribuintes no segundo feriado mais estúpido deste país(em primeiro, a grande distância, está o espartano 5 de outubro).
Mas ao que parece ninguém se importa. Domingo à tarde a Avenida vai estar cheia, com famílias inteiras a contemplar meia dúzia de saloios, achando o tempo perdido por bem empregue. Eu prefiro fazer coisas mais produtivas e por isso vou ficar por casa a ver o Rex e a comer bolachas.
 
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
 
Naquele dia chuvoso em que vasculhava as promoções da FNAC fiquei-me pelo CD do Bandido O mercado discográfico anda em baixa e os preços são exorbitantes. Mesmo assim, aquela edição que comprei era tão manhosa e barata que consegui ficar com alguns trocos no bolso. Ainda pensei guardá-los para comer um merecido hambúrguer no final de tarde, mas não consegui. Aquele ambiente consumista embrenhado dos centros comerciais fez-me dirigir instintivamente até a livraria Bertrand. Invejoso da sabedoria do Robin, quis logo comprar a Odisseia de Homero, mas...nada feito, a minha bolsa era espartana e 5 euros eram parcos para aquela edição Golden. Deixei a estante de literatura clássica e dirigi-me para um caixote, colocado mesmo no centro da livraria, cheio de livros e livrinhos já usados e a preço de amigo. Vasculho e torno a vasculhar, mas nada. Só me vinham parar à mão revistas GINA dos anos 70 e livros de poesia do Poeta Castrado(não!).Já com um cheeseburguer suculento em mente, heis que para nas minhas mãos um livreco que compilava artigos da nossa saudosa Tribuna de Lafões. O titulo: Democracia SIM, comunismo NÃO. Seu autor: José Inácio Coelho. Os artigos reportavam-se ao período de 75-76 da nossa vilória. Tratando-se de uma época histórica que me agrada, entreguei a minha nota de 5 à minha da caixa e quando cheguei a casa li-o de um só trago. Além de nós dar um chato enquadramento político da situação de então, o livro vale pelas tricas pessoais e acusações que alimenta. Para as gerações mais novas(eu incluído) que apenas têm uma vaga ideia desse tempo, deixo aqui alguns excertos dos textos mais caricatos:

“«Ora tudo isto é que é o salutar colonialismo que Portugal pratica e de que muito se tem a orgulhar»(Conferência do Dr. Gralheiro nos Paços do Concelho, durante o Fascismo).”

“«arreigado aos princípios do Estado Novo de que o sr. Dr. Jaime Gralheiro é já um ardente e fervoroso defensor..»«vincaram acentuadamente a sua formação nacionalista de que muito se orgulharam o Dr. Jaime e o seu Exmo. Pai»(notícia publicada no jornal tribuna de Lafões nº 107)”

“ Numa palestra, referindo-se ao nosso Concelho, pontificou modestamente, que « era uma lâmpada tão forte mal empregada a dar luz a uma coisa tão pequena»(tenho testemunha)”

A coisa depois continua. Fala-se de MDP’s, SUV’S, MDLP’s e afins. Os interessados que queriam ler a obra poderão requisitá-la na biblioteca municipal, porque segundo me disseram existe lá um exemplar velhinho e muito gasto.
 
 
Nos últimos tempos, com a destruição e descaracterização do Bairro da Ponte, têm-se dito e escrito que deixou de existir, em S. Pedro do Sul, qualquer lugar com valor arquitectónico e que seja identificado como património de todos os Sampedrenses. Eu ouço a tese mas o seu derrotismo não me convence. De outro modo, é esse derrotismo que me faz ver que esses lugares ainda existem. Bem sei que posso parecer o Homem sem nome a divagar, mas atentem ao meu raciocínio e vejam se não tenho razão. Situemo-nos: falo do monumento colocado na rotunda do Roquivárius. Tenho ouvido todo o tipo de explicações que dão significado ao artístico calhau: um rabo de peixe, um mundo que chora, a humanidade dividida ou até um simples V de vitória. Eu cá não vou por aí. Após horas de contemplação (algumas com um copo a mais, depois de ter saído do Roque) consegui alcançar a verdadeiro mensagem do génio criador. Aquele imponente calhau representa, nada mais nada menos, um pénis que levou uma machadada. A impotência, portanto. O derrotismo que atrás falava. À sua volta, uma espécie de fonte de alimentação: 3 candidaturas à Câmara(inevitavelmente)falhadas.
Mas o local não simboliza apenas essa fraqueza consubstanciada no falo impotente. Mais do que isso, o seu enquadramento mostra-nos a forma como encaramos esse falhanço. Se por um lado existe o Roquivárius, que mostra o nosso lado bonacheirão para lidar com a mediocridade e a Rádio Lafões, que nos paroliza a coisa, temos também a penitenciária que nos mostra o lado tenebroso da questão. Até a própria rotunda não está despida de significações. Ela representa a nossa inconsequência e a necessidade quase instintiva de vivermos à volta dessa fraqueza.
Dito isto, o Bairro da Ponte que se lixe. O IPPAR que deixe lá o Largo de S. Sebastião e venha mas é classificar esta obra do caralho como património arquitectónico.
 
domingo, fevereiro 08, 2004
 
Só mais uma nota para o São Macário: Meu caro, essa mania de utilizar o termo “vilória irrisória” ao desbarato no teu blog tem de acabar. Tendo tu formação jurídica, devias saber que os estas coisas também têm direitos de autor. Por esta escapas.
 
sábado, fevereiro 07, 2004
 
Regresso após umas curtas férias do meu oficio de blogueiro. Apenas uma semaninha de descanso e logo dois novos pasquins cibernéticos surgiram, engrossando a fileira bloguistica Local. O Rui Costa quer mostrar trabalho e por isso dá balanços e inventários para o munícipe decifrar. Já o Santo do Juizo, veste a pele de justiceiro e escrevinha uns comentários cheios de ódio e mau gosto juntando-lhes uma equidistância idiota. Um cabrãozito asqueroso, portanto.

Por agora é só.Uma semana de ausencia dessampedrezou-me por completo.Vou agora tomar caminho para o Roque, porque como diz o povo, "Primeiro informar, só depois blogar".
 
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
 
Isto nem de propósito. Andava eu a revirar os saldos da FNAC à procura da relíquia perdida, quando, já farto de só encontrar cds pop dos anos 80 e decidido a passar à secção dos livros, encontro um álbum de Vitorino. Chama-se “A canção do Bandido”. Na capa, o próprio autor de pistola na mão, ao melhor estilo siciliano. Estranhamente, ou se calhar não, tive uma enorme sensação de dejá vu. Escusado será dizer que comprei o CD. A edição era de 89.
 
"Muitas realidades fazem parte das nossas necessidades básicas" António Carlos Fiqueiredo. Um blog de S. Pedro do Sul. Comentários, críticas, acareações e donativos para viloriai@hotmail.com
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